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DOUTRINA ESPIRITA

ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL

 

Quando passamos a frequentar uma Casa Espírita é natural surgirem dúvidas com relação a práticas e conceitos utilizados no Espiritismo. Termos como reencarnação, lei de causa e efeito, passes magnéticos, água fluidificada, perispírito, fluido universal, ectoplasma e outros, ditos com naturalidade pelos mais experientes, parecem fazer parte de um universo ainda desconhecido para nós iniciantes. Com o passar do tempo, as dúvidas vão sendo esclarecidas. Passamos, então, a observar melhor em nosso cotidiano a aplicação do que apreendemos nas palestras das reuniões públicas, nas sessões de estudos doutrinários e nas conversas com os outros companheiros. Mas, para se chegar a esse estágio de amadurecimento pessoal e espiritual, há necessidade de superar os primeiros obstáculos, os mais difíceis de serem vencidos.

 

 Os empecilhos mais comuns constituem-se no desânimo, na descrença, no medo, na desconfiança e, no principal deles, na fé insegura e vacilante. Não se preocupe! Assim como você, todos nós, também, passamos por isto. No entanto, tenha sempre em mente: “Aqui encontrarás inúmeros trabalhadores, aprendizes na arte de servir, a fim de serem felizes com a felicidade alheia. Estarão sempre prontos a ouvir-te. Não suponhas porém, que pelo fato de estarem ligados a esta casa, os tarefeiros que encontrares estão isentos de provas e dificuldades. Assim como tu, eles lutam e sofrem, esforçando-se para superar a si mesmos, dentro dos problemas do mundo"

 

/  OS PRIMEIROS PASSOS NA CASA ESPÍRITA

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/  ENSINOS FUNDAMENTAIS

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Constitui-se num conjunto de informações trazidas por Espíritos, almas daqueles que já habitaram a Terra, sobre a realidade da vida após a morte do corpo físico. De uma forma ou de outra, a humanidade sempre lidou com esse tipo de conhecimento. Mas a maneira inovadora e atualizada de apresentar essas informações, em consonância com o saber científico da época, meados do século XIX, trouxe valiosas contribuições para o melhoria moral e intelectual do homem.

 

Um pedagogo francês, Hippolyte Léon Denizard Rivail pesquisou os fenômenos espirituais, coletou e organizou as informações de forma didática, tornando-as acessíveis às demais pessoas interessadas. Ao publicar os livros sobre o ensino dos Espíritos, adotou o nome de Allan Kardec, ficando conhecido como o codificador do Espiritismo. 

 

/  AFINAL, O QUE É ESPIRITISMO?

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Ciência, filosofia e religião

Um dos aspectos do Espiritismo é o seu caráter científico, quando estuda certos fatos não considerados pela academia como passíveis de investigação científica. As diferentes formas de manifestação dos espíritos - mediunidade, materializações, comunicações, obsessões, dentre outras - encontram explicação lógica e racional através de uma abordagem metodológica própria do Espiritismo. Os fenômenos até então conhecidos, mas não devidamente explicados, perdem a sua feição de mistério e de sobrenatural . Descortina-se , assim, o véu que cobria o horizonte do mundo espiritual, trazendo luz à realidade da sobrevivência e da imortalidade da alma e a sua capacidade de intereagir com o mundo dos homens. Com isso, novas perspectivas são trazidas para uma melhor compreensão  da natureza humana, seus conflitos, suas limitações e potencialidades de realização em sua vida existencial. O espiritismo faz-nos conhecer a alma, enquanto a Ciência nos demonstra as leis da matéria.

 

O Espiritismo também pode ser compreendido como uma proposta filosófica. Mas, não deve ser entendido como mais um sistema filosófico, a exemplo daqueles que representam o pensamento de seus autores ,tais como: Descartes, Aristóteles, Sartre, Kant, Spencer, Spinoza e outros. O Conhecimento Espírita, fruto de revelações de vários Espíritos obtidas através de diferentes médiuns e locais, tem o propósito de conscientizar o ser humano sobre a sua natureza espiritual, sua realidade interexistencial - material e espiritual simultaneamente -, e o processo de sua evolução moral e intelectual. A partir da constatação da existência do espírito, ou da alma, nesta vida e após a morte do corpo físico, algumas questões filosóficas fundamentais vêm à tona: que sentido damos à vida? Já que a vida continua, como será a existência espiritual? Por que existimos? De onde viemos? Qual o nosso destino? 

 

Em consequência disso, o Espiritismo assume o aspecto religioso, ao demonstrar o Espírito como um ser imortal, indestrutível, criado por uma Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas: Deus. Encontramos no Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, essa Revelação realizada em toda sua plenitude pelo Espírito da Verdade. O Espiritismo é uma doutrina cristã, elucidando os pontos obscuros dos ensinos cristãos constantes em certas partes dos Evangelhos, os quais numa perspectiva moral e espiritual passam a ser melhor compreendidos. Conforme os Espíritos superiores, Jesus é considerado o modelo e guia de perfeição moral que a humanidade pode aspirar na Terra, para transformar esse mundo de provas e sofrimentos em um mundo de regeneração, quando as consciências estarão mais despertas para o empenho do bem.  O espírita procura seguir o Cristo, esforçando-se para colocar em prática os seus ensinamentos no dia-a-dia. Sem essa prática, não há como chegar ao pai: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao pai, senão por mim (João 14, 6).

 

Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. É eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom.

O Universo é criação de Deus. Abrange todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais.

Além do mundo corporal, habitação dos Espíritos encarnados, que são os homens, existe o mundo espiritual, habitação dos Espíritos desencarnados.

No Universo há outros mundos habitados, com seres de diferentes graus de evolução: iguais, mais evoluídos e menos evoluídos que os homens.

Todas as leis da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o seu autor. Abrangem tanto as leis físicas como as leis morais.

O homem é um Espírito encarnado em um corpo material. O perispírito é o corpo semimaterial que une o Espírito ao corpo material.

Os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Constituem o mundo dos Espíritos, que preexiste e sobrevive a tudo.

Os Espíritos são criados simples e ignorantes. Evoluem, intelectual e moralmente, passando de uma ordem inferior para outra mais elevada, até a perfeição, onde gozam de inalterável felicidade.

Os Espíritos preservam sua individualidade, antes, durante e depois de cada encarnação.

Os Espíritos reencarnam tantas vezes quantas forem necessárias ao seu próprio aprimoramento.

Os Espíritos evoluem sempre. Em suas múltiplas existências corpóreas podem estacionar, mas nunca regridem. A rapidez do seu progresso intelectual e moral depende dos esforços que façam para chegar à perfeição.

Os Espíritos pertencem a diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado: Espíritos Puros, que atingiram a perfeição máxima; Bons Espíritos, nos quais o desejo do bem é o que predomina; Espíritos Imperfeitos, caracterizados pela ignorância, pelo desejo do mal e pelas paixões inferiores.

As relações dos Espíritos com os homens são constantes e sempre existiram. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, sustentam-nos nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os imperfeitos nos induzem ao erro.

Jesus é o guia e modelo para toda a Humanidade. E a Doutrina que ensinou e exemplificou é a expressão mais pura da Lei de Deus.

A moral do Cristo, contida no Evangelho, é o roteiro para a evolução segura de todos os homens, e a sua prática é a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela Humanidade.

O homem tem o livre-arbítrio para agir, mas responde pelas conseqüências de suas ações.

A vida futura reserva aos homens penas e gozos compatíveis com o procedimento de respeito ou não à Lei de Deus.

A prece é um ato de adoração a Deus. Está na lei natural e é o resultado de um sentimento inato no homem, assim como é inata a idéia da existência do Criador.

A prece torna melhor o homem. Aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo. é este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade.

Fonte: obras de Allan Kardec e e site do Conselho das Casas Espíritas de São Bernardo do Campo.

 

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/  PRÁTICAS ESPÍRITAS

Existe uma confusão muito grande a respeito do que é ou não é Doutrina Espírita ou Espiritismo. Isto porque há pessoas que não sabem que as palavras "espírita" e "espiritismo" foram criadas em 1857, na França, pelo codificador da Doutrina Espírita, . Somente deveriam utilizarem-se destes termos os locais religiosos ou pessoas que seguissem os postulados desta doutrina.

Assim, cultos e religiões que de alguma forma têm em suas práticas a comunicação de Espíritos e a crença na reencarnação são confundidas erroneamente com o Espiritismo.

Todos aqueles que acreditam na existência do Espírito são espiritualistas. Mas nem todos os espiritualistas são espíritas, praticantes do Espiritismo.

Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: “Dai de graça o que de graça recebestes”.

A prática espírita é realizada com simplicidade, sem nenhum culto exterior, dentro do princípio cristão de que Deus deve ser adorado em espírito e verdade.

O Espiritismo não tem sacerdotes e não adota e nem usa em suas reuniões e em suas práticas: altares, imagens, andores, velas, procissões, sacramentos, concessões de indulgência, paramentos, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso, fumo, talismãs, amuletos, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais ou quaisquer outros objetos, rituais ou formas de culto exterior.

O Espiritismo não impõe os seus princípios. Convida os interessados em conhecê-lo a submeterem os seus ensinos ao crivo da razão, antes de aceitá-los.

A mediunidade, que permite a comunicação dos Espíritos com os homens, é uma faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente da religião ou da diretriz doutrinária de vida que adotem.

Prática mediúnica espírita só é aquela que é exercida com base nos princípios da Doutrina Espírita e dentro da moral cristã.

  • Comunicação particular com os Espíritos: os grupos espíritas têm reuniões específicas e íntimas para que os trabalhadores da casa, aptos e preparados durante longos estudos para tal, possam comunicar-se com os Espíritos. E através deles, obter informações do mundo espiritual, orientações e mesmo ajudar no afastamento de perturbações espirituais que porventura estejam prejudicando alguém. Todo este cuidado baseia-se na orientação dos próprios Espíritos superiores, responsáveis pela elaboração do Espiritismo, como também no alerta de João, o Evangelista, que em sua 1ª Epístola, capítulo IV, versículo 1, diz: "Amados, não creiais em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus". Agindo assim, o centro espírita evita o máximo possível a influência de Espíritos zombeteiros e maldosos, que muitas vezes vêem neste contato com os encarnados a oportunidade de tecer comentários mentirosos e doutrinas esdrúxulas. A seriedade de reuniões fechadas os intimida, favorecendo a presença dos Espíritos esclarecidos.

  • Há alguns tipos de trabalhos mediúnicos, principalmente de psicografia (escrita dos Espíritos através de médiuns), onde pessoas levam até lá o nome de entes desencarnados para tentarem a comunicação dos mesmos através da mediunidade, e ficam observando a manifestação. O médium Francisco Cândido Xavier, conhecido como Chico Xavier, da cidade mineira de Uberaba, é um destes exemplos. Porém, nestes casos, o Espírito não se comunica diretamente com seu parente. Apenas influencia o médium, que escreverá, de forma discreta e ordenada, a mensagem do além.

  •  Comunicação de Espíritos em público: a Doutrina Espírita é contrária a este tipo de manifestação, cercada geralmente de curiosidades e interesses materiais, ao invés do bom senso que deve permear toda comunicação espiritual. Há locais em que os médiuns recebem seus "guias" ou "Espíritos protetores", teoricamente responsáveis pelo funcionamento da casa, e orientam os consulentes sobre qualquer tipo de dúvida. Muitas vezes, as respostas dadas por este tipo de Espírito não têm base científica ou doutrinária alguma, seguindo apenas seu próprio conhecimento, que pode ser limitado. Em vários destes lugares em que há a manifestação pública, as entidades espirituais são servidas de fumo, bebida, comida, ingeridas pelo médium incorporado. Com isso, mostram a limitação destes Espíritos, ainda muito apegados aos vícios e prazeres materiais.

 Desenvolvimento cauteloso da mediunidade: a Doutrina Espírita explica que todo ser vivo tem mediunidade, pois é através dela que os encarnados recebem influências boas e más do mundo espiritual, que servirão de ajuda ou aprendizado no decorrer de suas existências terrenas. São chamados de médiuns aqueles capazes de proporcionar a manifestação dos espíritos. O Espiritismo adverte que para poder ampliar esta ligação com o mundo espiritual, é necessário que o médium passe por uma série de preparativos. Anos de estudo, maturidade, modificação moral constante, vida regrada, abstendo-se dos vícios mais grosseiros, como o fumo e a bebida, são algumas das regras básicas para que o indivíduo possa vir a desenvolver sua mediunidade, e estão contidas em "O Livro dos Médiuns" . Os centros espíritas verdadeiros não aconselham a pessoa a trabalhar mediunicamente sem antes passar por este período e preparação citados. Muito menos diz que alguém "precisa" desenvolver a mediunidade. Ninguém é obrigado a nada, afirma a Doutrina. Todos têm seu livre-arbítrio, e mesmo que o ser tenha um canal mediúnico amplo, próprio para o desenvolvimento da mediunidade, e não quiser desenvolvê-lo, não há problema. Tudo o que é forçado é prejudicial ao homem

  • Não há promessas de curas: o verdadeiro centro espírita não promete a cura para quem o procura. A Doutrina afirma que a cura de uma influência espiritual ou doença material depende de uma série de fatores, entre os quais a modificação moral do enfermo, sua necessidade, seus problemas relacionados com encarnações anteriores e acima de tudo, se há ou não a permissão de Deus para que haja a solução da dificuldade. Muitas vezes, o sofrimento é um período necessário para o ser refletir sobre sua existência, e o único que sabe quando é a hora disso terminar é o Criador.O que o centro espírita faz é um pronto-socorro aos necessitados de amparo e esclarecimento, é de todas as formas possíveis (orações, tratamentos espirituais, passes, orientações morais e materiais) tenta minimizar o sofrimento alheio, rogando a Jesus que se o Pai permitir, que interceda junto ao indivíduo.

  •  Promessas de cura: qualquer lugar que prometa a cura de problemas espirituais ou materiais, sem levar em consideração os fatores já citados, não é um local espírita. Condicionar uma cura à freqüência exclusiva naquele ambiente, ao pagamento de dinheiro ou bens materiais, ou mesmo à "força da casa" não tem base no Espiritismo e foge do bom senso que regula as leis de Deus. Estas, não podem ser modificadas de acordo com nossa vontade. Por isso, prometer algo que não depende apenas de nós mesmos beira a irresponsabilidade e pode levar a pessoa desesperada ao desequilíbrio total ou à descrença em Deus.

O Espiritismo respeita todas as religiões e doutrinas, valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou social. Reconhece, ainda, que “o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.

 

ASSISTÊNCIA SOCIAL

/  ALLAN KARDEC

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Hippolyte Léon Denizard Rivail, conhecido para o movimento espírita como Allan Kardec, nasceu em Lion, França, a 3 de Outubro de 1804. Seus pais eram Jean Baptiste Antoine Rivail e Jeanne Louise Duhamel, Kardec em tenra idade revelou uma inteligência brilhante, inclinando-se para as ciências e para assuntos filosóficos.

Foi aluno de Pestalozzi no Instituto de Yverdon (Suíça), uma das mais renomadas escolas da época. Cercado por colegas tão brilhantes como ele, em seus momentos de descanso o futuro Codificador do Espiritismo, aos 14 anos ensinava o que aprendia aos seus colegas menos adiantados. Essa particular atenção para os problemas educacionais chamou a atenção de Pestalozzi, o que lhe conquistou a simpatia e admiração. Conquistou diversos diplomas e tornou-se membro de diversas Sociedades e Institutos durante sua carreira de professor e diretor de colégio. A sua postura pedagógica o fazia um pesquisador de extrema erudição. Viveu numa época em que os estudos ganhavam cunho empírico. Essa herança de formação foi primordial para, no futuro, o trabalho da Codificação ser realizado, notadamente em seu tempo. O professor Rivail ganhou notoriedade invulgar, sendo detentor das seguintes honrarias:

-Diploma de fundador da Sociedade de Previdência dos Diretores de Colégios e Internatos de Paris (1829).

-Diploma da Sociedade para a Instrução Elementar (1847). Secretário Geral: H. Carnot.

-Diploma do Instituto de Línguas, fundado em 1873. Presidente: Conde Le Peletier- Jaunay.

-Diploma da Sociedade de Ciências Naturais de França (1835). Presidente: Geoffrey de Saint-Hilaire.

-Diploma da Sociedade de Educação Nacional, constituída pelos diretores de Colégios e de Internatos da França.

-Diploma da Sociedade Gramatical, fundada em Paris, em 1807, por Urbain Domergue (1829).

-Diploma da Sociedade de Emulação e de Agricultura do Departamento do Ain (1828). Rivail fora designado para expor e apresentar em França o método de Pestalozzi.

-Diploma do Instituto Histórico, fundado em 24 de Dezembro de 1833 e organizado a 6 de Abril de 1834. Presidente: Michaud, membro da Academia Francesa.

-Diploma da Sociedade Francesa de Estatística Universal, fundada em Paris, a 22 de novembro de 1820, por César Moreau.

-Diploma da Sociedade de Incentivo à Industria Nacional, fundada por Jomard, membro do Instituto.

-Diploma da Academia Real das Ciências de Arrás.

Inúmeros textos biográficos afirmam que Kardec era médico, mas acreditamos que este equívoco tenha sido causado por sua formação humanista. Na verdade, não há registros oficiais que garantam que ele tenha cursado medicina.

 

KARDEC E O ESPIRITISMO

Homem de espírito empírico e racional, pensamento vigente em sua época, Rivail, ao entrar em contato pela primeira vez com os fenômenos espirituais, procurou observar-lhes as características lógicas. Não poderia ser diferente quando um amigo, Sr. Fortier lhe revela que, em certa casa, as mesas não eram apenas girantes, mas também falantes. A primeira reação de Rivail foi constatar a veracidade do fato. Ele era profundo conhecedor do Magnetismo e, como outros observadores e magnetistas, acreditava que os fenômenos eram apenas manipulação de fluido magnético.

Quando frente a frente com os fatos, o perspicaz professor logo observou com seriedade o que muitos utilizavam como passatempo. Fruto de suas árduas pesquisas e profundo estudo, esse extraordinário pesquisador concluiu que a causa inteligente por trás daqueles fenômenos, era os espíritos dos que já haviam partido, deduzindo, assim, as leis que regem esses fenômenos. A partir daí, trouxe todo um corpo de doutrina, explicitado na Filosofia Espírita, plena de conhecimento superior, esperanças e consolações.

Com essa percepção, Rivail, futuro Allan Kardec, passou a freqüentar inúmeras reuniões, levando perguntas sistematizadas sobre diversos problemas, às quais os Espíritos respondiam com "precisão, profundeza e lógica". Em casa do Sr. Roustan, 30 de abril de 1856, a médium Japhet lhe transmitiu a primeira revelação positiva da missão que teria de desempenhar. Humildemente Kardec recebeu uma página do Espírito de Verdade que lhe confirmava as dúvidas de ter sido escolhido para tão grandiosa missão. "Confirmo o que foi dito, mas recomendo-te discrição, se quiseres sair-te bem. Tomarás mais tarde conhecimento de coisas que podes triunfar, como podes falir. Neste último caso, outro te substituiria, porquanto os desígnios de Deus não assentam na cabeça de um homem."

Segue-se o trabalho e a 18 de abril de 1857 é finalmente lançado O Livro dos Espíritos contendo a base para a Doutrina Espírita, as Leis Morais, Esperanças e Consolações.

 

O SURGIMENTO DE ALLAN KARDEC

"No momento de publicá-lo - diz Henri Sausse, biógrafo de Kardec - o autor ficou muito embaraçado em resolver como assinaria, se com o seu nome - Hippolyte Léon Denizard Rivail, ou com um pseudônimo. Sendo seu nome muito conhecido do mundo científico, em virtude dos seus trabalhos anteriores e podendo originar equívocos, talvez até mesmo prejudicar o êxito do empreendimento, ele adotou o alvitre de passar a assinar com o nome de Allan Kardec, nome que, segundo lhe revelara um espírito, ele tivera ao tempo dos Druidas." Para melhor elucidar o internauta, Rivail em encarnações passadas fora um sacerdote Druida de nome Allan Kardec - veja-se também estudos sobre o assunto na obra Allan Kardec, o druida reencarnado, de Eduardo de Carvalho Monteiro, editora EME.

Após o lançamento de O Livro dos Espíritos (1857) seguiram-se outros:

Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas - O que é Espiritismo - Carta sobre o Espiritismo - O Livro dos Médiuns (1861) - O Espiritismo na sua expressão mais simples - Viagem Espírita em 1862 - Resposta à mensagem dos Espíritos Lioneses por ocasião do Ano Novo - Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas, ou Primeira Iniciação - Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo, daí originando O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864)- Coleção de composições inéditas extraídas de O Evangelho Segundo o Espiritismo - A Gênese (1868) - O Céu e o Inferno (1865) - Coleção de Preces espíritas - Estudo acerca da poesia medianímica - Caracteres da Revelação Espírita - Obras Póstumas (1890) - Revista Espírita.

Nos seus últimos anos de vida, Kardec tornara-se um homem universal - segundo o Sr. André Moreil (La Vie et l´Oeuvre d´Allan Kardec, Paris, 1961). Em preparativos de mudança de residência, em 31 de março de 1869, aos 65 anos incompletos, é vítima de um aneurisma que o leva ao desenlace. Em seu enterro, no Cemitério de Montmartre, dentre outros oradores o astrônomo Camille Flammarion, destacou a contribuição de Allan Karde para o mundo científico e filosófico. Atualmente, os despojos mortais de Kardec podem ser encontrados no centro do monumento druida no Cemitério Père-Lachaise, em Paris.

 

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